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Mostrando postagens de setembro, 2008

Católicas pelo Direito de Decidir, Estado Laico e outras questões...

Ela ressaltou que, apesar de ser pesquisadora, estava participando do debate "como católica feminista, mulher e cidadã brasileira". Ela lembrou que o Estado brasileiro é um Estado laico, que propicia liberdade de expressão para todas as igrejas e correlatas e, igualmente, para todos os demais cidadãos, mesmo que não filiados a alguma religião. Dentro desse princípio, sustentou, não se pode impor a moral religiosa, transformando-a em política pública. A declaração acima foi citada no Estadão há pouco tempo atrás, e confesso que quando a li, não deixei de sentir alguma perplexidade. Isto porque, segundo a reportagem, a declaração foi feita por uma participante da ONG “Católicas pelo Direito de Decidir”, e segundo a própria declarante, ela participou da reportagem e milita como “católica feminista, mulher e cidadã brasileira”. E depois, ela ressaltou ainda que o Brasil é um estado laico, e não pode impor a moral religiosa para todos os brasileiros. Minha perplexidade se dá no s

Pseudo-Pentecostais: nem evangélicos, nem protestantes

Por Robinson Cavalcanti Um grande equívoco cometido pelos sociólogos da religião é o de por sob a mesma rubrica de “pentecostalismo” dois fenômenos distintos. De um lado, o pentecostalismo propriamente dito, tipificado, no Brasil, pelas Assembléias de Deus; e do outro, o impropriamente denominado “neopentecostalismo”, melhor tipificado pela Igreja Universal do Reino de Deus. Um estudioso propôs denominar essas últimas de pós-pentecostais: um fenômeno que se seguiu a outro, mas que com ele não se conecta, pois “neo” se refere a uma manifestação nova de algo já existente. Correntes de sociologia argentina já os denominaram de “iso-pentecostalismo”: algo que parece, mas não é. Lucidez e coragem teve Washington Franco, em sua dissertação de mestrado na Universidade Federal de Alagoas, quando classificou o fenômeno representando pela IURD de “pseudo-pentecostalismo”: algo que não é. Um estudo acurado dos tipos ideais, Assembléia de Deus e Igreja Universal do Reino de Deus, sob uma ótica soc

SARAMAGO CRITICA PEDIDO DE PERDÃO

(ALC) "Uma boa notícia, dirão os leitores ingênuos. A Igreja Anglicana, essa versão britânica de um catolicismo instituído no tempo de Henrique VIII como religião oficial do reino, anunciou uma importante decisão: pedir perdão a Charles Darwin*" Assim inicia o segundo post do blog de José Saramago que, de forma contundentemente, critica o anúncio anglicano. O pedido de perdão a Darwin ocorre no marco de comemoração dos 200 anos de seu nascimento. A reparação refere-se à forma como a igreja tratou o cientista britânico depois da publicação de "A origem das espécies" e, sobretudo, depois de "Descendência do homem". "Nada tenho contra os pedidos de perdão", afirmou o escritor português, que coloca em dúvida a sua utilidade. "Inclusive se Darwin estivesse vivo e disposto a mostrar-se benevolente, dizendo 'sim, perdôo', a generosa palavra não poderá apagar um só insulto, uma só calúnia, um só dos desprezos dos muitos que lhe foram proferi

Encontro Nacional de Advogados Evangélicos

Nos dias 25 e 26 de setembro, a Seccional Paulista da Ordem dos Advogados do Brasil, por meio da Comissão de Direito e Liberdade Religiosa, realiza o I Encontro Nacional dos Advogados Evangélicos, no Clube Homs, em São Paulo. O evento pretende reunir importantes palestrantes para debater as questões que envolvem o múnus público dos advogados evangélicos que, segundo o presidente da Comissão de Direito e Liberdade Religiosa, José Luiz de Oliveira, compreendem 20% dos 600 mil advogados brasileiros. Entre os palestrantes convidados, estão o senador Magno Malta; o presidente da Associação Paulista dos Magistrados, desembargador Nelson Calandra; o neurologista Raul Marino Jr; e o ex-deputado Marcos Vinícius. "O sucesso obtido pelos encontros estaduais promovidos pela Comissão de Direito e Liberdade Religiosa nos levou a ampliar este fórum de debates para o plano nacional sobre temas de interesse relacionados à questão religiosa”, ponderou Luiz Flávio Borges D’Urso, presidente da OAB SP

Carta ao Consulado Geral da Índia em São Paulo

Dr. B. S. Prakash Excelentíssimo Embaixador da Índia Brasília, DF Brasil cc.: Sr. Krishan Kumar - Deputado Chefe da Missão Consulado Geral da Índia, São Paulo, SP A Índia é a maior democracia no mundo e essa nação tem uma longa história de harmonia e paz entre os grupos minoritários. Por essa razão, estou chocado com as notícias sobre o assassinato do swami Laxmanananda Saraswati e de mais quatro pessoas em 23 de agosto de 2008 no Estado de Orissa. Segundo notícias, as conseqüências das mortes têm sido muito piores. Pelo menos 20 mortes foram confirmadas em mais de 114 incidentes espalhados em todo o Estado. Isso é mais impressionante porque a mesma região foi cenário de grande violência gerada por motivações religiosas em dezembro do ano passado. Algumas pessoas estão acusando maoístas de matar o swami, mas representantes hindus dizem que os cristãos são os culpados. Isto afetou seriamente o relacionamento já instável entre hindus e cristãos na região. Assim, venho pedir uma reação ur

Sobre a relação do homem com o Deus pessoal

Ensinamento do Staretz Silouane pelo Arquimandrita Sofrônio O Senhor havia dito a Pilatos: “Eu vim ao mundo para testemunhar da Verdade”. Pilatos havia replicado, de forma curta: “O que é a verdade?”, e seguro de que não havia resposta a tal questão, nada esperando de Cristo, sai de Sua presença e dirige-se aos judeus que estavam do lado de fora. Em certo sentido, Pilatos tinha razão; se por verdade entende-se Verdade enquanto fonte de tudo aquilo que existe, a questão: “O que é a Verdade?” não pode ter resposta. Mas, no entanto, referindo-se à Verdade primária ou a Verdade em si, se tivesse posto sua questão de forma como a qual deveria ter sido posta: “Quem é a verdade?”, ele teria recebido em resposta a palavra que, há pouco tempo então, prevendo a questão de Pilatos, o Senhor havia dito durante a Santa Ceia aos Seus Discípulos Bem Amados e, por eles, ao mundo inteiro: “Eu sou a Verdade” (Jo.14,6;18,327-38). Enquanto a ciência e a filosofia põem em questão: “O que é a verdade?”, uma

Papa diz que cristianismo não é moral, mas encontro com Deus

VATICANO - O cristianismo não é uma nova filosofia ou uma nova moral, é o encontro com Deus", defendeu nesta quarta-feira, 3, o papa Bento XVI durante a audiência geral realizada no Vaticano e dedicada à conversão de São Paulo. Durante a tradicional audiência pública das quartas-feiras, o papa dedicou a catequese à conversão de São Paulo, evento ocorrido enquanto fazia o caminho a Damasco, e com isso passou de "perseguidor da Igreja a apóstolo do Evangelho." Neste sentido, pediu aos fiéis que, seguindo o exemplo de São Paulo, não reservem Cristo apenas para si próprios, mas sintam "melhor a exigência de anunciá-lo aos outros". O pontífice observou que, assim como no exemplo do apóstolo Paulo, "mais do que uma conversão" é necessário falar "de uma morte e ressurreição". A conversão de Paulo não foi "um processo psicológico, um amadurecimento individual e espiritual", a mudança chegou de fora, "do encontro com Deus". O papa

Templos cristãos ou pagãos?

Por Orlando Caetano. Acerca dos templos onde se reúnem as comunidades cristãs evangélicas, há ideias desajustadas que me parece bem enunciar e analisar embora sucintamente. Há quem confunda o Templo judaico com os templos cristãos, atribuindo a estes a designação de «casas de oração» que, como se pode ler nos evangelhos (Mateus 21:12/17; Marcos 11:15/18; Lucas 19:46; João 2:13/16) se referem ao Templo judaico, onde, aliás, Jesus fez tal pronunciamento quando expulsou dele os vendilhões que o profanavam. Também é costume apelar a um certo tipo de «reverência» nos templos cristãos, usando um texto, em Eclesiastes 5:1: Guarda o teu pé quando fores à casa de Deus... Ora essa casa, no contexto veterotestamentário, é, certamente, o templo judaico. Quem aplica hoje esse texto às casas de culto cristão, talvez defenda um culto em que não haja lugar para o convívio entre os participantes, e se pretenda dar mais ênfase a uma espécie de silêncio supersticioso nesse lugar «sagrado», como se ele fo