Evangélicos, a lei e a homoafetividade

Tenho visto e ouvido evangélicos de linha mais progressista dizerem que, nós, protestantes, não deveríamos tentar impedir o governo de elaborar leis que normatizem as relações homoafetivas.

Não. Isto não quer dizer que tais líderes evangélicos sejam a favor do homossexualismo. Eles tão apenas entendem que, tendo em vista a pluralidade que rege a sociedade, há a necessidade que tal grupo, os do homoafetivos, que também pagam impostos, tenham os seus direitos assegurados, notadamente no que tange à sua união homoafetiva. Mas a Igreja, dizem tais evangélicos, continuará pregando o que entende a respeito do assunto.

Bom. Não quero entrar no mérito da homoafetividade em si , mas sim fazer uma ponderação ao que pensam tais líderes evangélicos, naquilo que, entendo, estão equivocados.

Em primeiro lugar, a medida que crescerem os direitos dos homoafetivos, é muito provável que os cristãos, gradativamente, também não poderão expor mais o que pensam a respeito deste assunto (se forem cristãos conservadores). A tal liberdade de expressão estará suprimida neste ponto. Escolas e publicações evangélicas, talvez até igrejas, não poderão mais ensinar que a opção homoafetiva é equivocada.

E em segundo lugar, estes evangélicos mais progressistas se esquecem da "função pedagógica da lei", as vezes, muito mais importante do que sua função jurídica. O que quero dizer com isso? A partir do momento que a lei defina como natural a relação homoafetiva, se tornará muitíssimo mais difícil qualquer pregação em sentido contrário, visto que, se a própria lei, comando máximo de um país, considerar como natural e perfeitamente normal tal tipo de relação, ficará muito mais complicado que outros digam ao contrário.

Há muitas outras considerações a fazer, mas acho que cada um de nós, evangélicos, deveria pensar na seguinte questão. Se fosse um de nós, ocupando uma cadeira no congresso nacional, de que modo, diante de Deus e dos homens, votaríamos esta questão? É a sua resposta a esta questão que definirá o que você realmente pensa sobre este assunto...

Comentários

  1. Olá Carlos,

    pelo que já lí da tal lei, ela não impediria que a igreja pregasse contra a homoafetividade mas sim que desse um punimento maior para quem discrimina.

    Mas parece que é mais grave do que eu pensava rs

    abraço

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  2. Oi, Felipe.
    Primeiramente, obrigado por participar dando a sua opinião.

    De fato, a lei a que se refere, no meu sentir, não proibe mesmo a tal liberdade de expressão explicitamente.

    Mas a medida que o ordenamento jurídico vai reconhecendo como perfeitamente normal uma união homoafetiva, tenho a impressão que, gradativamente, os que pensarem ao contrário ficarão cada vez mais inibidos de expressar sua opinião. E haverá mais mecanismos jurídicos para se processar os que são contra os relacionamentos homoafetivos. Eu, particularmente, seguindo o pensamento de muitos pastores mais progressistas, já fui bastante favorável a normatização de tais relacionamentos. Entretanto, meditando um pouco mais na função pedagógica da lei, parei para ponderar com mais cuidado esta questão. Como ensinar a alguém algo que se considera moralmente reprovável se o ordenamento jurídico de nosso país disser, com todas as letras, o contrário? De qualquer modo, acho que precisamos realmente pensar melhor esta questão, tanto a da homoafetividade, como a questão jurídica e a participação evangélica em todo este processo.

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  3. Entendo..

    Eu creio que deve haver homossexuais apenas preocupado em defender sua posição perante a sociedade. Mas acho que no fundo a maioria quer mesmo é que as igrejas parem de falar contra o homossexualismo.

    De qualquer forma, como você disse, precisamos pensar melhor nessa questão.

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