Meditando no Sermão do Monte (4)- A proximidade de Deus


Por Carlos Seino


"Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaram-se os seus discípulos" (Mt 5.1)



A teologia cristã acaba por ver Jesus como uma espécie de novo Moisés, novo libertador, alguém inclusive anunciado pelo grande profeta vétero-testamentário, logo, maior que ele próprio, inspirando-se principalmente no evangelho de Mateus. Este evangelista é o que em maior quantidade, cita profecias do Antigo Testamento, demonstrando que as tais estavam sendo cumpridas em Jesus Cristo. Além do que, referências como ao assassinato de infantes e fuga para o Egito, com posterior retorno, só se encontram neste evangelista. Há até aqueles que defendem que o evangelho de Mateus é uma espécie de roteiro de leituras que seria seguido conforme um calendário litúrgico, alternativo ao calendário judaico, cabendo a leitura do sermão do monte ao mesmo momento litúrgico que era reservado à leitura do salmo 119.


Gosto de meditar na comparação entre o ministério de Moisés e de Jesus. Interessante é que, segundo as Escrituras, o povo estava bastante assustado diante do monte Sinai, apavorado até. Com muito medo, diziam para que Moisés falasse com Deus. Precisavam desesperadamente de um intermediário. De alguem que explorasse o desconhecido para com eles.

Entretanto, com Jesus não foi assim. Enquanto que, com Moisés, o povo ficou ao pé do monte, com Jesus, o povo se aproximou, e os seus discípulos se assentaram perto dele. Jesus falou com grande tranqüilidade, dirigindo-se a todos. Não trouxe tábuas de pedra, mas "escreveu" em tábuas de carne, no coração de cada ouvinte disposto a ouví-lo.

E o impressionante, para a nossa teologia cristã, é que, em Cristo, Deus é que vem ao monte, e se achega tranqüilamente ao povo. Sem raios, sem terror, sem medo. Está próximo. Confortável até. Quão agradável é se achegar àquele que os amava e o acolhia. Quão recompensador prestar atenção às suas sábias palavras. Que interessante ouvir sua interpretação de Moisés, clarificando aquilo que talvez já fosse o anseio de muitos por ali, que sentiam algo de errado na velha hermenêutica e exegese das Escrituras.

Em Cristo, realmente, Deus está muito perto. E é um Deus que ensina, e não se impõe pelo medo, mas sim, demonstra o seu poder a ponto das multidões se maravilharem. Mas por ser quem ele é, e ensinar o que ensina, que nos chama ao máximo de atenção para suas palavras.

Quem tem ouvido para ouvir, ouça! Que tal meditar neste domingo no bendito sermão?

Comentários

Mais vistas do mês

Toda a Reforma em apenas dois versículos

Uma reflexão acerca do Salmo 128

Quem não dá o dízimo vai para o inferno?

A triste história do rei Asa

Ananias, o discípulo que batizou Paulo

A impressionante biografia de William MacDonald

José do Egito - um exemplo de superação

A Conversão de Zaqueu (Lc 19)

Uma comparação entre Zacarias e a Virgem Maria

Os "logismoi"