Sermão do Monte (6)


"Bem aventurados os que choram, porque serão consolados" (Mateus 5.4)





A mensagem de Jesus era voltada para os oprimidos de seu tempo.

E, sem dúvida nenhuma, quando Jesus proferiu aquelas palavras, havia muito motivo para se chorar.

Milhares de camponeses, nos tempos de Jesus, tiveram suas terras expropriadas, por não conseguirem saldar as suas dívidas.

Centenas de doentes marginalizados não podiam gozar de nenhuma assistência.

A população da palestina era composta por uma enorme quantidade de pobres, mendigos e miseráveis.

Gente sem emprego, sem dinheiro, sem saúde, sem dignidade.

Pobres no mais real sentido do termo.

Gente que chorava muito.

Chorava uma liberdade há muito tempo perdida. Uma dignidade que lhes fora tomada.

Tomada pelo invasor inimigo. Tomada pelo sacerdócio corrupto. Tomada por força das guerras e das circunstâncias.

Gente que no mundo não teve nenhum tipo de consolo; nenhum tipo de justiça.

E no reino anunciado por Jesus haverá uma inversão de tratamento.

Aquele que no mundo foi feliz foi bem aventurado, pois gozou de todas as consolações possíveis e imagináveis.

Não terá mais consolação no reino vindouro, como o exemplo do rico e de Lazaro.

No mundo dos homens, não há justiça real, não há consolação real.

No Reino de Cristo, os valores se invertem.

E poderá ser dito assim: bem aventurados os que choram, mas ai dos que sorriem!

Pois o sorriso de alguns tem dependido do choro e das lágrimas de muitos!

Os grandes sacerdotes, os governantes, os ricos exploradores, tinham muito motivo para estar sorrindo.

Daí, a inversão.

Ninguém tem o direito de ser totalmente feliz e satisfeito em um mundo com a quantidade de gente miserável, triste, pobre e doente que existe.

Que nos deu o direito de acharmos que podermos ser muito mais, de termos muito mais do que nossos semelhantes?

Com que cargas d’água alguém acha que pode amontoar de terreno a terreno, casa a casa, campo a campo como se morassem sozinhos sobre a face da terra; enquanto outros não têm nem uma cueca para vestirem?

Por isso, as palavras do Cristo são tão desafiadoras.

Aqueles que, injustiçados, explorados, não consolados, terão a sua consolação vindoura, segundo as palavras do Cristo.

Estaremos nós entre os consolados de Cristo?

Choremos, pois, a dor do mundo, sentindo em nossas entranhas, o sofrimento pelo qual muitos têm passado. Choremos com o camponês palestino. Com a criança africana. Com o favelado carioca. Choremos também as nossas faltas, por reconhecermos a nossa miséria e dependência de Deus, e que não temos nenhuma justiça própria.

Buscar consolação nas coisas do mundo pode afastar a consolação que vem do Deus vivo.

E os que se posicionarem ao lado do Cristo, terão sobre si este ministério de consolação a oferecer.

Estaremos entre os que consolam ou entre os que exploram? Estaremos também entre os consolados?

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