Respondendo às críticas ao artigo que escrevi contra a comercialização do sagrado



"Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos" (Jd 3).

Recentemente, escrevi um artigo contra a comercialização do sagrado (link para o artigo). Bem, o texto foi apreciado por muitos que entendem que não podemos nos calar diante dos hereges que exploram a boa e ingênua fé de muita gente. Mas, em contrapartida, muitos sentiram-se profundamente incomodados com minha atitude crítica. As queixas são de que eu, como pastor, não deveria estar falando mal de outros pastores, afinal, eles estão pregando o Evangelho e pessoas estão sendo salvas, e isto é o que importa. Dizem também que todo mundo comete erros e que eu deveria ser mais tolerante e me calar, passando apenas a orar por eles.

Bem, respondendo às críticas, primeiramente quero dizer que tais argumentos parecem engrossar o coro dos que defendem a idéia do: "ele rouba, mas faz!". Algo como "os fins justificam os meios". Sabe, conheço um "evangelista" que confessou ter inventado uma revelação em sonho que, na época, chegou a ser gravada em disco de vinil e foi um sucesso de vendas. Em defesa da farsa, ele alegava que, por causa do disco, muitos estavam sendo salvos. Sabiam que argumento semelhante foi usado para a introdução  da idolatria na igreja católica? Alegavam que tal prática contribuía imensamente para a conversão de milhares de pagãos. Eis aí o perigo de tal pragmatismo. Devemos tolerar a mentira e a comercialização do sagrado sob o pretexto de estarem promovendo a salvação de muitos? De maneira alguma!

Por que se sentir incomodado com os que denunciam os hereges e não com os hereges em si? Jesus não tolerou os vendilhões do templo e nem tão pouco os hereges! E Deus disse: "não posso suportar iniquidade associada ao ajuntamento solene" (Is 1:11-14). Como podemos nos calar diante de tamanha barbaridade? Graças a Deus, Lutero seguiu o exemplo de Cristo e não se calou! Lutero denunciou os vendilhões do templo! Lutero combateu os hereges! Lutero protegeu as ovelhas dos lobos devoradores!

Jesus advertiu que haveria lobos disfarçados de ovelhas no meio do rebanho. Muitas ovelhas são ingênuas demais para discernir o perigo. Cabe ao pastor proteger o rebanho. É papel do pastor advertir as ovelhas sobre as artimanhas dos lobos. É papel do pastor enfrentar e combater os lobos!


Jesus foi enérgico contra os falsos profetas. Ele falou abertamente contra os mal intencionados líderes religiosos de sua época. Suas palavras mais duras foram dirigidas aos pastores hipócritas (Mt 23). Publicamente, os chamou de "hipócritas, sepulcros caiados e raça de víboras". Jesus usou o chicote para expulsar os vendilhões do templo, pois o zelo pela casa de Deus o consumia! Onde foi parar o zelo devido pela casa do Senhor que é a sua igreja? O Bom Pastor enfrenta o lobo e dá a vida pelas suas ovelhas! 


Jesus elogiou a igreja de Éfeso por ter desmascarado os falsos apóstolos: "Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes suportar os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos" (Ap 2:2).

O Apósto Paulo também profetizou dizendo: "Sei que depois da minha partida, surgirão lobos vorazes que não pouparão o rebanho" (At 20.29, Mt 7.15). “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência” (1 Tm 4. 1-2). E Paulo ainda chamou os falsos mestres de cães (Fp 3: 2). 


E Pedro também é categórico: "Entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras… por causa deles será blasfemado o caminho da verdade; também, movidos pela ganância, e com palavras fingidas, eles farão de vós negócio." (2 Pe 2:1 a 3). O nome de Deus está sendo blasfemado por causa do comportamento e ensino destes embusteiros. Seria melhor se os escândalos envolvendo pastores fossem realmente produto de uma perseguição gratuita de uma mídia preconceituosa, mas, infelizmente, não é o que se verifica, pelo menos, na grande maioria dos casos. 

Os evangélicos estão sendo ridicularizados por culpa do comportamento escandaloso dos lobos gananciosos e devoradores que não estão poupando o rebanho. "É inevitável que venham os escândalos, mas ai daquele que é motivo de escândalo" e "ai daquele que serve de pedra de tropeço". Estes pastores mercenários escandalizam e fazem tropeçar a muitos. Quem poderia contar o número de pessoas que deixaram de se converter ou se afastaram da fé por conta destes impostores? E quem pode calcular o estrago que ainda está por vir?

Certamente as Escrituras Sagradas não são a fonte de inspiração daqueles que dizem que devemos nos calar diante dos hereges e vendilhões do templo.

Precisamos odiar as heresias. "Odiai o mal, e amai o bem, e estabelecei na porta o juízo" (Am · 5:15 e Sl 97.10). "Odiai o mal e apegai-vos ao bem" (Rm 12:9). Quem ama a verdade, odeia a heresia. Sabemos que uma pessoa ama a verdade quando notamos a sua aversão ao erro, pois quem ama a verdade não pode ser complacente com a heresia. 


Como alguém pode dizer que ama a sã doutrina, quando não sente aversão pelas doutrinas contrárias? Como podemos dizer que amamos a Deus, sua luz e verdade, quando nos calamos diante de seus inimigos que espalham trevas e mentiras? Não podemos fazer as pazes com o erro. Não podemos ceder aos hereges. Se formos complacentes com o câncer, ele nos devorará. O amor e a tolerância não podem estar a serviço dos que deturpam a verdade. "Odiai o mal!"

Vamos seguir o exemplo de Cristo, dos Apóstolos e também da igreja de Éfeso (Ap 2:2). Portanto, parafraseando o Apóstolo Judas, concluo dizendo: "Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos" (Jd 3).


Por amor a Cristo e a Sua Palavra,
Bispo José Ildo Swartele de Mello

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