Jesus - um homem sem paz
Amo muitos os
movimentos contemplativos que nos ensinam a buscar a paz interior, a tranquilidade de alma, a calma, por meio de
uma vida disciplinada e por não atender às paixões, vivendo o silêncio.
Os exercícios ensinados por tais movimentos são ótimos, e posso dizer que realmente funcionam. Tudo isso está na tradição
mística cristã, desde os grandes mestres hesicastas, no oriente, e carmelitas,
no ocidente. Um pouco apagado no protestantismo, por ser uma fé de caráter mais
secular, entretanto, com algum interesse surgido em meados do século XX para cá, como na comunidade de Taizé.
Tais tradições nos
levam a ter uma paz interior, tranquilidade, e mesmo no budismo,
entendo que esse tem sido um objetivo constante. Ter como alvo a “impassibilidade
da alma”, a vitória sobre as paixões.
Aprecio bastante tais movimentos e seus mestres, desde Evágrio Pôntico, Tomás Kempis, João da Cruz, para ficarmos em alguns. De vez em quando preciso voltar a eles para acalmar minha alma perturbada.
Entretanto, quando
penso na vida do Mestre dos mestres, entendo que paz foi algo que ele, Jesus, não teve muito.
Logo que nasceu, foi um
perseguido político.
Filho fujão, que, mesmo
obediente, deu alguma preocupação aos pais.
Não raro, era interrompido em suas pregações e ameaçados de apedrejamento e morte.
Era alguém
tremendamente sensível à dor alheia. Chorou ao ver uma mãe que perdera um
filho. Chorou ao perdeu um amigo.
Chorou por Jerusalém e
pela condição daqueles que eram como ovelhas sem pastor.
Quando precisou, literalmente saiu na força do braço para fazer uma “limpeza geral”.
Vivia participando de
debates agressivos contra seus opositores.
Foi chamado de demônio,
bebedor, comedor, companheiro de pecadores.
Foi torturado como um
criminoso político/religioso. Morreu no meio de bandidos.
Enfim, embora Jesus
tivesse momentos contemplativos, ele não ficou restrito à contemplação.
Se ele não teve paz
nesse mundo, será que aqueles que se dizem seus seguidores devem buscar tal
coisa?
“Qual a paz que eu não quero conservar para tentar ser feliz”?
fonte da foto: Pastoral da Juventude |
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