Sobre sofrimento

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“...Abba! Tudo é possível para ti: afasta de mim este cálice; porém, não o que eu quero, mas o que tu queres...” (Marcos 14,36)

Penso que não há dúvidas nos cristãos acerca dos sofrimentos reais de Cristo, não somente na cruz, mas também em toda a sua vida; a não ser que sejamos gnósticos que entendam que o Filho de Deus não havia se encarnado, mas fosse somente um tipo de "holograma".


Fato é que, segundo as Escrituras, o Verbo se encarnou (João 1), e os sofrimentos de Cristo foram reais. Penso que, um dos motivos dele suportar todo aquele sofrimento, sem dúvida alguma foi saber que ele não seria um fim em si mesmo, mas sim um passo para algo maior, no caso, a salvação do seu povo. Portanto, foi um sofrimento necessário, não obstante, ele nunca fosse obrigado a isso.

Entretanto, meditar nestes sofrimentos de Cristo parece estar fora de moda ultimamente, em meio a uma religiosidade onde a palavra de ordem é triunfar e ser feliz. Não que eu seja contra o triunfo ou a felicidade, mas fico a pensar se não estamos “queimando” etapa após etapa para que, em busca de uma felicidade imediata (ou ausência de sofrimento imediato) acabemos deixando de alcançar uma felicidade maior.

Talvez seja preciso sofrer para se tentar preservar algo maior, principalmente no campo dos relacionamentos. Quantas amizades deixam de se concretizar ou terminam, porque um dos lados perde a paciência; quantos casamentos acabam porque um dos cônjuges “não aguenta mais”, quantas vezes pedimos demissão de algum emprego porque “não suportamos o tranco”, quantas vezes grupos cristãos se dividem, porque não aguentam abrir mão de algum ponto de vista em prol da unidade? Claro que em todos os exemplos citados, pode haver exceções, mas ao olhar ao nosso redor, dá a impressão de que estão se tornando regra.


Portanto, façamos dos sofrimentos de Cristo motivo para a meditação em nossas vidas, a fim de que possamos entender se algum sacrifício de nós também é requerido em prol de algo muito maior, porque a nossa “curta e momentânea tribulação poderá produzir em nós um peso de glória” indescritível.

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