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O que buscar para este ano novo e para todos os demais?

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Quando ocorre a virada de ano costumamos, como de praxe, fazer alguma avaliação do ano que se passou e traçar metas para o próximo. Não tem nada errado com isso. Também é costume, em muitas igrejas evangélicas, ter o chamado "culto da virada", em que se costuma dar graças ao ano que termina e rogar bençãos para o novo que se inicia. As mensagens costumam ser motivacionais (em um bom sentido) e esperançosas, e tudo isso serve de edificação. Porém, há um caminho sobremodo excelente que quero propor. As Escrituras nos dizem que Deus predestinou a cada um de nós para sermos conforme a imagem e semelhança de Cristo (Romanos 8.29). Assim sendo, o objetivo de Deus, o maior, ou talvez o único, seja nos transformar à imagem de Jesus. Tudo em nossas vidas, pela soberania de Deus, contribui para isso. Entretanto, embora esse seja o objetivo de Deus, talvez poucas vezes nos lembremos que também deve ser o nosso objetivo. O de sermos imitadores de Deus e de Cristo. Tentar viver como ele v

Atributos incomunicáveis e comunicáveis de Deus

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 "Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados" (Efésios 5.1) Geralmente, na teologia, se costuma dividir os atributos (características) de Deus de dois modos: atributos incomunicáveis e comunicáveis. Os atributos incomunicáveis seriam, por exemplo, sua onisciência, onipresença, soberania, entre outras características que só pertencem a Ele, não se comunicando às suas criaturas. Comunicáveis seriam, por exemplo, sabedoria, amor, santidade, alegria, entre muitas outras. Todas estas, comunicáveis às suas criaturas. A lição prática que tiramos disso é que, se formos imitar a Deus, conforme mandamento apostólico, isso deve ser feito em relação aos seus atributos comunicáveis. Confessa a fé cristã que todas as coisas boas que temos em nós têm sua origem em Deus. Isso está em todas as suas criaturas, tendo em vista termos sido criados à sua imagem e semelhança. Entretanto, muito disso foi distorcido por conta da presença do mal no mundo e em nós. Alguns, pela sua própria cons

A redenção foi um ato de amor do Pai e não um evento para aplacar sua ira

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As Escrituras dizem que Deus amou o mundo e deu o seu Filho Unigênito para que todo aquele que nele crer tenha a vida eterna (João 3.16). Outros autores do novo testamento também enfatizam que é o amor de Deus que está na base da redenção, como por exemplo, quando Paulo diz que "Deus prova o seu amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores" (Rm 5.8). Deus não tem prazer na morte de ninguém e quer que todos se arrependam e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Por isso, a meu ver, é equivocada a ideia de que a morte de Cristo foi de um tipo de propiciação para aplacar a ira de Deus. Penso que não seja isso. Deus é amor, e tudo o que fez por nós foi baseado neste amor. Mas as Escrituras não dizem que Deus também se ira? A meu ver, a ira de Deus, se volta contra o pecado, e não contra o pecador. Obviamente, que o pecador impenitente irá sofrer as consequências da dureza de seu próprio coração, pois abriga o pecado em si. Caso se arrep

O conhecimento de Deus

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Deus só pode ser conhecido se Ele se revelar. Isto porque, Deus é infinito e eterno, e o ser humano, finito e temporal. Deus está para além de tudo aquilo que eu possa investigar. Não posso colocá-lo em um laboratório, fazer análise dele. Além disso, segundo as Escrituras, nossa percepção está meio estragada por conta do pecado. Então, o único modo de Deus ser conhecido, é se Ele se revelar. E como Ele faz isso. Primeiramente, o faz pela própria natureza. A observação do sol, da lua, das estrelas, das montanhas, dos mares, sempre suscitou na humanidade a sensação de algo muito poderoso, que pudesse ter criado todas estas coisas.  Desperta assombro, senso de gratidão, entre outros sentimentos.  E como parte desta natureza, temos o próprio ser humano, que é a imagem de Deus. O ser humano, com seus atributos, também é um espelho da revelação divina. Nada na natureza é tão complexo, tão assombroso como o ser humano e suas complexidades. Além disso, há, em todo ajuntamento humano, uma ideia

Aprendendo a evangelizar com Jesus

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A s Escrituras Sagradas nos dão o privilégio de termos em nossas mãos uma narrativa em que Jesus nos ensina a evangelizarmos com o próprio Jesus. O Filho de Deus encarnado nos deixou princípios muito bonitos de como compartilhar, coração a coração, a sua Palavra, e faríamos bem em aprender. Todos os princípios aqui expostos estão embasados no Evangelho segundo São João, Cap. 4 . Cuida-se da conhecida narrativa entre Jesus e a mulher samaritana. Será uma postagem um pouco longa, mas creio que vale a pena meditarmos nela. Jesus nos ensina, em primeiro lugar,  a termos uma postura humilde . Ele se aproximou daquela mulher e lhe pediu água para beber (v. 7). Ora, era impensável que um homem, judeu, fizesse tal pedido a uma mulher samaritana. Nosso Senhor mostrou fragilidade, vulnerabilidade, humildade. Foi um modo de aproximação. Assim também nós, quando comunicamos o evangelho, não podemos nos achegar como seres superiores, arrogantes, colocando o outro em posição de inferioridade. Somos

Reflexões sobre a Reforma e Unidade

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Entendo que a Soteriologia (doutrina da salvação) do protestantismo, com a crítica anabatista e a correção armínio-wesleyana é o ponto alto da teologia evangélica. Penso que faz juz à grande obra do Redentor e à graça de Deus. Compreender que o homem pelas obras possa fazer algo para ser salvo, ainda que seja um programa sacramental eclesial pode tornar vã a graça, porém, entender que Deus de antemão escolheu, por um absoluto decreto quem será salvo e quem será condenado faz dele autor do mal e do mau (para Wesley, pior que o diabo). Entretanto, a eclesiologia protestante é o seu ponto mais fraco. Ao desprezar a eclesiologia patrística, a sucessão apostólica, os protestantes se condenaram a dividirem-se em milhares e milhares de grupos, sendo muitos antagônicos entre si, espalhando o individualismo em um primeiro momento, e talvez sendo autor indireto da onda de ceticismo que varreu o ocidente. Só para se ter uma ideia, presbiterianos e metodistas já se dividiram centenas de vezes entr

As bem aventuranças

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  O evangelho de Mateus, a partir do capítulo cinco, relata o que ficou amplamente conhecido como o Sermão do Monte. Este sermão começa com as chamadas bem aventuranças, termo que traduz a palavra “makarios”, que significa feliz. Essa felicidade não significa necessariamente que a pessoa está sempre em estado de alegria emocional, mas sim o modo como Deus declara tais pessoas que apresentam as qualidades ali demonstradas. Tais qualidades devem ser desejadas em sua inteireza, ou seja, todas. Quem for humilde de espírito, deve procurar também ter fome e sede de justiça, quem for manso deve desejar a pureza de coração, e assim sucessivamente. Somente com a ajuda de Deus podemos alcançar tal padrão. Elas não nascem conosco. Uma pessoa pode até ser um pouco mais mansa do que as demais, porém, isso não significa que necessariamente será pura de coração. Para cada bem aventurança há uma promessa para o futuro, porém, o cumprimento de alguma delas já se poderá sentir no aqui e agora,

O Brasil é um país cristão?

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O Brasil não é um país cristão, nem na lei, nem na essência. Não é na lei, pois somos um país laico, conforme nossa constituição. Durante muito tempo, fomos oficialmente um país católico romano, entretanto, a minoria protestante (como todas as minorias religiosas) sempre ansiaram por um estado laico. Também não somos um país cristão na essência, pois se a santidade, justiça, amor e paz são os resultados da fé, ninguém precisa ser especialista em teologia para sabermos que estamos muito longe disso. No máximo, um país com uma cultura cristianizada, mas provavelmente em decadência. Quem diz que o Brasil é um país cristão ou coisa do tipo, está procurando votos, apelando para uma base eleitoral. Aliás, não existe isso de país, ou nação cristã. A igreja é uma comunidade voluntária de fiéis que se reúne em torno da Palavra, das orações, dos sacramentos. e isso jamais poderá ser estendido artificialmente por um poder estatal. Mesmo se o fizer, só será formalmente cristão, mas nunca essencial

Simplicidade não é necessariamente pobreza

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Não são poucos os que parecem se escandalizar com a proposta à simplicidade feita por muitos homens de Deus durante a história do cristianismo. Entretanto, simplicidade não significa necessariamente pobreza material absoluta. A pobreza, quando não é voluntariamente abraçada, é algo muito triste na vida das pessoas que acabam carecendo de recursos. A simplicidade é algo voluntariamente assumido com o intuito de ter mais tempo e recursos para aquilo que realmente importa. O pacto de Lausanne propôs que cada qual vivesse com simplicidade para ter mais recursos para doar para a ação social e para as missões evangelísticas. Assim viveram Wesley, Stott, George Müller, William MacDonald, entre muitos outros, que abriram mão de uma vida de grande conforto e prosperidade material para se dedicarem e dedicarem mais recursos ao evangelho. Quanto caberá a cada qual possuir ou renunciar, é algo que cada um terá que decidir diante de Deus, e ninguém deve impor um padrão a outrem.

O conceito de propiciação em John Stott

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  John Stott, ao comentar o versículo 2 do Capítulo 2 da epístola de João, menciona que o termo “propiciação” (do substantivo grego “hilasmos”) expressava no paganismo a ideia de oferta a uma divindade irada, quase que o pagamento de um suborno. Assim sendo, diante da grosseria de tal ideia aplicada ao Deus das Escrituras Sagradas, muitos teólogos abandonaram a ideia de “propiciação” com o intuito de apaziguar uma divindade, e trocaram pela ideia de expiação, ou de purificação, no sentido de se livrar da culpa. Seria que como um ritual de purificação, porém, sem ter a Deus como objeto. Entretanto, Stott ressalta que, embora se possa dar valor a tal interpretação, e que, mesmo não havendo uma ideia explícita de que Deus seja o objeto da propiciação, é muito clara no Novo Testamento a ideia da ira de divina. Logo, no mínimo, há a necessidade que tal ira seja afastada a fim de que haja perdão, e que efetivamente o foi pelo sacrifício de Cristo. Logo, percebe-se que Stott não descart

A impressionante biografia de William MacDonald

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Por esses dias resolvi ler novamente a obra " O discipulado verdadeiro " de William MacDonald. Na verdade, estou lendo este livro juntamente com um grupo de amigos que se reúne semanalmente para discutir acerca da obra de algum autor. É um livro sobre discipulado que eu sempre achei bastante radical, sendo que já havia tido contato com esta obra lá pela década de noventa. Porém, eu não sabia nada da biografia deste autor, então fui dar uma singela pesquisada. Fiquei impressionado com o pouco que vi. William MacDonald foi educado por uma família muito piedosa, sendo que aos cinco anos de idade, ele quase veio a óbito por uma grave doença. Quando sua mãe achava que iria perder o menino, um parente apareceu, recitando o Salmo 91, dizendo que Deus havia lhe revelado que o menino seria curado. MacDonald, ou "Bill" para os íntimos, se converteu aos 18 anos, segundo ele mesmo conta, embora sempre tivesse sido um moço respeitoso. Ele chegou a fazer mestrado em administração

Graça e comunhão no pensamento de Bonhoeffer

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A comunidade da Igreja confessante, fundada por Bonhoeffer sob a sombra do nazismo, o inspirou a escrever o livro "Vida em Comunhão" (Editora Sinodal). No trecho abaixo, o autor nos adverte da necessidade de dependermos graça do Senhor para formarmos uma comunidade, e não dos nossos próprios ideais do que seja uma verdadeira comunhão cristã: “Numerosas vezes, toda uma comunhão cristã faliu porque vivia de um ideal. Justamente o cristão sério, aquele que pela primeira vez entra em contato com uma comunhão de vida cristã, muitas vezes trará consigo uma determinada imagem do tipo de vida em comum cristã e se empenhará em colocá-la em prática. No entanto, é a graça de Deus que logo levará tais sonhos ao fracasso. A grande decepção com os outros, com os cristãos em geral e, se correr tudo bem, também conosco mesmos, precisa nos vencer, tão certo como Deus que nos levar ao conhecimento da verdadeira comunhão cristã. Em sua imensa graça, Deus não permite que vivamos, nem por poucas

Receba bem as pessoas que forem à sua igreja

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Você poderá estar salvando uma vida se agir assim. Lembro-me certa vez que uma moça foi na igreja que eu frequentei há muitos anos. Essa moça foi em uma vigília, por indicação de alguém. Chegando lá ela já foi muito bem recebida. No intervalo para o lanche, não deixamos que ela ficasse sozinha. Perguntamos seu nome, sua história. Ela começou a fazer parte do nosso grupo de amigos. Tempos depois ela revelou que estava com intenção de se suicidar naquele dia. E que dependendo do modo como fosse tratada ao entrar na nossa igreja, levaria seu plano adiante. Se ninguém desse atenção para ela, iria se matar! Mas graças a Deus, ela foi acolhida! Porém, tomei conhecimento a pouco de uma outra história que não acabou bem. Um amigo que faz trabalho social convidou dois moradores de rua para irem à sua igreja Um deles disse que queria por fim em sua vida. Esse meu colega, com muita confiança, disse a ela que seria um tempo de muita alegria, e que Jesus poderia tirar essa vontade de seu coração. E

Por que algumas pessoas não param nas igrejas?

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Um pastor fica muito contente quando chega alguém na comunidade! É uma alegria no inicio! Porém, não raras vezes, aquele que chegou, vai embora; e nem se despede. Esse é um fenômeno muito comum nas igrejas. O que será que explica isso? Acredito que uma das explicações é que muitas pessoas vão para a igreja com uma certa mentalidade de consumidor. Como assim? Eles querem um louvor, uma palavra, e atividades e serviços que os agradem. Ora, mas o que há de errado nisso? Todos não querem isso? Sim, mas o problema é que, quando alguém tem essa mentalidade de consumo, ela não se sente parte do todo, e, ao menor desagrado, se vai da comunidade e parte para outra que satisfaça seus próprios anseios. E não podemos nos esquecer que o culto não é para agradar aos homens, mas sim a Deus! São, o que o Pr. Ricardo Bitun chamou de  Mochileiros da fé . O fato é que, por mais importante que seja um louvor e uma palavra que nos agrade, com serviço de estacionamento, ar condicionado, um bom culto infanti

A missão da Igreja, no pensamento de John Stott

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John Stott, participando de algumas conferências mundiais, relata em sua obra “ Missão Cristã no mundo moderno ” que havia dois grupos que discordavam entre si. O primeiro, a quem denominou de “evangélicos”, entendia que missão seria somente pregar o evangelho e conseguir o maior número possível de convertidos. Não havia interesse em transformar o mundo, pois este era irremediavelmente mau. Alguma transformação, no máximo pelo exercício de alguma influência cristã na sociedade por parte dos convertidos. Já, o segundo grupo, a quem denominou de “ecumênicos”, entendia que missão era justiça social , trazer a paz de Deus sobre a terra. A ideia seria apoiar aquilo que Deus estivesse fazendo no mundo por intermédio de algum grupo de pessoas que nem precisava ser da igreja (e geralmente não é). Então, por exemplo, se alguém estivesse combatendo o racismo, era dever da igreja apoiar tal grupo. Entretanto, tal grupo não tinha mais nenhum interesse no evangelismo. Contra o primeiro grupo, Stot

Por que devemos evitar que pastores sejam candidatos a cargos políticos?

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Periodicamente ocorrem eleições em nosso país. E não são poucos os pastores, ministros do evangelho, que se candidatam a algum cargo político. Seria tal prática recomendada para o povo de Deus? Pessoalmente, entendo que não e exponho aqui alguns motivos. Em primeiro lugar, correrá o risco de se desviar de suas principal função , que é anunciar o evangelho, discipular pessoas, aconselhar, disciplinar, apresentar cada qual perfeito em Cristo . Corre o risco de haver impureza de intenções , e começar a tratar os membros como eleitores. A mais alta vocação que alguém pode almejar é a de ser um ministro da Palavra. A vocação política também é muito importante, mas comparada àquela, sai perdendo em grau de importância. Existe também a tentação de fazer de sua igreja um curral eleitoral . A igreja é como uma família, com pessoas das mais variadas tendências. Quando a liderança da igreja apresenta um determinado candidato, partido, estará desrespeitando parte da congregação , gerando tristes