Sofrer sem murmurar

Segundo o bem aventurado Apóstolo Paulo, “somos como ovelhas entregues ao matadouro, todos os dias”. Jesus disse ao Pai “seja feita a sua vontade e não a minha”. O escritor aos Hebreus ensinou que "Jesus aprendeu a obediência por meio daquilo que sofreu". Além de tudo, temos a experiência do antigo testamento, quando o povo no deserto murmurou, suscitando o desagravo divino.


Certamente, é uma lição difícil, esta, a de sofrer sem murmurar, sofrer sem reclamar, principalmente por observarmos o evangelho, mas certamente, isto faz parte da imitação ao nosso Mestre, que foi entregue como uma ovelha muda ao matadouro.

Costumo escrever sobre sofrimento, pois este é parte intrínseca da existência humana. Sofremos desde o momento que nascemos até o momento em que partimos deste mundo. Sofremos em nossas relações pessoais, em nossos conflitos existências, em todas as fases de nossas vidas.

A diferença do cristão não está na ausência de tais sofrimentos, mas sim talvez na forma como os encara; e todo o ser humano que tente praticar a justiça evangélica, mesmo não sendo cristão, segundo as Escrituras, padecerá tribulação, de modo que é possível pensar que há um “plus” na vida dos verdadeiros discípulos em relação aos sofrimentos, que vai um pouco além da normalidade da existência.

Há tantas vertentes na questão do sofrimento, que é impossível enumerar todas. Tudo, no contexto da vida humana influenciará em relação a isso, desde localidade e época em que nasceu, e até mesmo herança genética. Uns sofrem mais, outros, menos, mas é impossível medir a dor da alma. É legítimo combater o sofrimento, tanto o nosso próprio como quanto os dos demais seres humanos; o que não dá para fazer, é negá-lo, pois assim fazendo, não há a cura, não há consolo.

O fato é que nós, que estamos acostumados a uma época em que o evangelho parece ter sido relativamente barateado, e as multidões colocadas mais como consumidoras do que como servidoras do evangelho, talvez precisemos meditar um pouco mais acerca do sofrimento, e se não é o caso, aprendermos a sofrer em silêncio diante dos homens, e elevarmos os motivos de nossa angústia somente a Deus. Fico a pensar se com nossas murmurações não afastamos a consolação divina (acho que foi Tomás de Kempis que sustentava tal opinião, embora eu entenda que o Senhor pode também nos consolar por intermédio da vida de um irmão). Será que não estamos buscando o alívio de nossos sofrimentos na conversa frívola, no consumo desenfreado, nos prazeres fáceis? Talvez tenha chegado o momento de aprender a se recolher só diante de Deus, e "jogar sobre ele as nossas aflições", crendo, conforme disse o bem aventurado apóstolo, que “Ele tem cuidado de nós”.


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