Reflexões sobre conversão

Por Gederson Falcometa Zagnoli Pinheiro de Faria


Os Apóstolos ficaram três anos na presença de Nosso Senhor aprendendo o Evangelho. Mesmo assim eles erraram de tal modo que somente São João permaneceu junto a ele quando Ele sofria morte de cruz e todos eles só creram em sua ressurreição após o verem ressurreto. A situação dos Apóstolos só veio a mudar com o Pentecostes, quando receberam o Espírito Santo, tornaram-se de fato seguidores de Jesus.

Três mestres Católicos identificaram três fases no processo de conversão. Para o Pe. Reginald Garrigou Lagrange, O.P., existem três idades espirituais em uma analogia as nossas idades fisícas; Infância, Adolescência e idade Adulta. Nestas idades, ele ensina três vias para as três conversões.


Já Santo Tomás de Aquino ensina que "Três coisas são necessárias à salvação do homem: A ciência do que se há de crer; a ciência do que se há de desejar; e a ciência do que se há de fazer."

Na mesma linha, antes dos dois, Hugo de São Vítor no Século XII defendia três fases na conversão que ele chama de três dias. Onde o primeiro dia é o dia do temor, que tem por Sol a potência, o segundo dia é o da verdade e tem por Sol a sabedoria, o terceiro dia é o dia do amor e tem por Sol a benignidade. Sobre a visão de Hugo, poderia se dizer que o primeiro dia é o da lei, o segundo da graça e o terceiro ainda está porvir, será quando todas as coisas se consumarem e Ele voltar.

Agora vamos pegar a visão destes três mestres católicos e aplicar as palavras de Nosso Senhor:

"Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por mim."

Simultaneamente podemos considerar que aqui se encontram as três idades espirituais do homem, as três coisas necessárias a sua salvação e principalmente os três dias da luz invísivel. Encontraremos então a seguinte ordem:

Na infância espiritual, na ciência do que se há de crer e no primeiro dia, o caminho que é a esperança;

Na adolescência, na ciência do que há de se desejar e no segundo dia, a verdade que é a fé;

Na idade adulta, na ciência do que há se há de fazer e no terceiro dia, a vida que é o amor.

Antigamente considerava-se três processos na conversão. Em nosso tempo parece que já não se considera a conversão desta maneira. Qualquer um que lê a Bíblia diz com São Paulo:

"Ai de mim se eu não pregar o Evangelho"

Como se a conversão consistisse em "Evangelizar e batizar" e não crer e ser batizado. Talvez seja por esta razão que a maioria das Igrejas atualmente se contaminem com doutrinas mundanas, como a Teologia da Libertação Católica ou a Teologia da Prosperidade Protestante. Nenhuma e nem outra consideram o caminho, a verdade e a vida ou se consideram, reduzem tudo ao materialismo. É o joio que tem essência própia e aparência de trigo.

Na Igreja cada um é chamado segundo a sua vocação, não são todos Apóstolos, não são todos Doutores e nem podem ser todos Missionários. A cada um o Espírito Santo concede um dom para proveito comum. Antes de nos considerarmos "Apóstolos" e ousarmos a dizer o mesmo que São Paulo, deveríamos :

"Ai de mim se não crer no Evangelho"

Se não crermos, não podemos pregar, porque se pregarmos não seremos testemunhas fidedignas daquilo que cremos. Hoje são muitos que se incluem entre os que não acreditam e utilizam a fé para fins profanos. Na mesma proporção em que existem novidades, existem falsos profetas. Precisamos ser simples como as pombas e prudentes como as serpentes, senão seremos alimento para os lobos (Que para muitos não existem mais) e acabaremos por atirar perólas aos porcos.

Ainda mais no cenário atual, onde a Igreja diante do mundo, lembra Jesus diante de Herodes. Ninguém foi mais Empírico que Herodes e o povo judeu, o primeiro queria milagres para crer que ele era um profeta e o povo quis crucificá-lo para ver se descia da cruz e assim provasse a sua divindade. Avança o mistério da iniquidade, não avancemos com ele para que nosso amor se esfrie. Sigamos o lema dos Cartuxos, porque de fato "o mundo da voltas, mas a cruz permanece firme."

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