Soluções erradas para problemas verdadeiros

Quando Nosso Senhor, Mestre e Salvador Jesus, Filho da Virgem precisou de uma montaria com que adentrar na Santa cidade as vésperas de sua crucificação e morte, mandou que os apóstolos fossem a uma estalajem e lha tomassem emprestada ao estalajadeiro, o qual muito provavelmente era ouvinte seu.

Jesus poderia muito bem ter rezado, ou orado como dizem outros, e feito a montaria ser trazida pelos anjos ou cair dos céus, entretanto Jesus não o fez, em tal circunstância não orou e não pediu a montaria a seu Pai. E porque?

Porque poderia te-la adquiro - como de fato se sucedeu - por meios puramente naturais, sem precisar recorrer a oração ou solicitar um milagre e este gesto de Jesus é cheio de salutares implicações para aqueles que desejam viver sua vida.

Na esteira do Islan poderiamos falar numa Suna de Cristo Jesus tendo em vista que cada uma de suas palavras, gestos e ações contem mais lições, símbolos e mistérios do que todos os escritos dos antigos judeus. Desgraçadamente a Cristandade não tem explorado tal filão e meditado sobre tais passagens até a exaustão, antes tem cavado poços de agua salobra no deserto e ingerido alimento que só serve para alimentar bebezinhos espirituais. Os mistérios de Cristo continuam sendo malbaratados e a instituição Cristã continua a trilhar caminhos que não são saudáveis.

Já o filosofo grego Epicuro alegara que não deveriamos "pedir a divindade tudo quanto esta em nossas mãos conseguir com as forças e bens da natureza." e se levamos em conta o fato inegavel o mesmo Jesus multiplicou pães e peixes porque eram poucos, tomou peixes e pães produzidos por mãos humanas ao invés de fazer com que os ditos pães e peixes caissem dos céus como chuva, já percebemos o quanto ele se destaca dos falsos profetas desta geração que prometem a todos milagres portentosos e desnecessários...

Jesus jamais executou um prodígio que não fosse absolutamente necessário por estarem seus eleitos para além de todas as forças e possibilidades da natureza. E quando executa os prodigios que executa aproveita do que a natureza lhe oferece para torna-los menos extravagantes: assim ao invés de fazer chover vinho dos céus na festa de bodas o Senhor converte o elemento natural da água no suco do fruto da vide...

Jesus sente sede junto as proximidades do poço de Jacob, e não possui meios naturais com que tirar a água do dito poço. Diante disso que faz ele?

Com poderes infinitamente superiores aos de uma Eusápia Palladino, de uma Maria Silbert ou de uma Piper poderia ter feito aparecer uma bilha - quiça cheia dagua e gelo - diante de si e refrescar, entretanto - ao contrário dos charlatães que pululam por nossas esquinas - não o fez, mas aguardou a chegada da mulher de Samaria que trazia o aparelhamento (vaso com alça para ser amarrado a corda do poço) necessário para executar a dita operação e dessedentar-se.

Cumpre assina-lar ainda que nesta ocasião os apóstolos tinham ido a cidade mais próxima ADQUIRIR MANTIMENTOS, porque Jesus não rezava ou orava com o intuito de obte-los ou de fabrica-los sobrenaturalmente... a dispensa dos apóstolos e do Cristo bendito era mantida naturalmente e não pelos anjos.

Quando expulsa aos vendilhões do templo não o faz com raios ou com o sopro de sua boca... tampouco o chicote com que lhos castiga aparece miraculosamente em suas mãos, antes esta registrado que ele mesmo tomou cordas e com elas fez o chicote...

Sempre que os fins são dispostos pela natureza e são de natural consecução Jesus por seus gestos, exemplos e palavras nos recomenda a ação.

Jesus jamais promoveu esse ensino horrendo de que os problemas sociais serão resolvidos através de orações ou preces, miraculosamente.

Promovem-no certamente seus falsos seguidores vinculados ao sistema da opressão e tendo em vista estreitar ainda mais as cadeias da superstição alienante com que milhões jazem presos e escravizados a situações desumanas e degradantes.

Certamente que a sociedade Cristã deve estribar-se na graça de Deus, numa graça que lha permita observar rigorosamente a lei moral que é seu dever e progredir na senda da justiça, da paz e do bem desenvolvendo suas potencialidades e promovendo a vida.

Se Cristo disse que observassemos as bemaventuranças temos diante de nós duas possibilidades e não três:

a) Podemos observa-las com as forças naturais. Tal o ponto de vista de Tolstoi.

b) Só podemos observa-las estribados na graça de Cristo o qual comunica generosa e liberalmente sua graça a todos os homens de boa vontade por meio do grande sacramento de sua encarnação.

Duma força ou de outra: com ou sem a graça as bemaventuranças devem ser cumpridas.

Se não somos capazes de cumpri-las com nossas forças naturais é mister recorrer então a graça e sendo a graça proveniente de Deus não pode deixar de capacitar-nos para cumprirmos o que Deus deseja e executar a sua santa vontade como afirmou o Bemaventurado Agostinho:

Da-me tua graça e pede de mim o que queres.

Pois se Deus nos convoca a santidade em comunhão consigo e não nos prove dos meios necessários para exerce-la ele é o responsável por nossa desobediência e por nossos pecados. Se deus nos concede uma graça fraca e inutil que não nos habilita a cumprir o que exige de nós só podemos virar nossas costas e sorrir...

Se deus não restaura verdadeiramente suas novas criaturas no bem desejando que elas mesmo depois de ligadas ao Santo Cristo permaneçam sob o jugo do pecado e sentindo sua força invencivel, é porque esse deus não deseja extinguir ao pecado e se não deseja extuinguir ao pecado ama-o e se ama-o é um deus falso e uma falsa idéia de Deus.

Cultuamos ao Deus Santo, Pai de Jesus Cristo, Senhor das luzes que abomina o pecado e o julga com toda justiça ja por dispensar sua graça forte e capacitar os homens a observarem a lei de Cristã que é o amor. Não cultuamos a um ser que chamando-nos a santidade nos abandona ao pecado e que exige de nós coisas que não podemos cumprir...

Esse é o monstro abominavel concebido por Calvino, nós adoramos ao Deus de Jesus Cristo, de Paulo, de Agostinho, de Tomás, de Arminius, de Tostoi, etc

E assim cumprindo com nossos deveres morais e praticando a justiça, sobretudo na dimenssão social e gregária seremos capazes de melhorar nossa condição de vida.

Dispondo de nossas preces e de nossa vida Cristã toda ao cumprimento dos mandamentos de Cristo e a vivência do Evangelho o cristão converter-se-a em sal da terra... deixará de ser o beato, pajé, taumaturgo e rezador, para ser observante da palavra e anunciador do reino, de um reino que não se anuncia por meio de palavras vazias e teorias caprichosas, mas através da vida.

Pois o Reino de Deus é vida e germe de vida.

E se os homens levarem o Evangelho a sério cremos que esta tomada de consciência será um agente de transformações sociais.

Se diversos grupos teem de fato ventilado outras maneiras e formas de se transformar esta sociedade iniqua é justamente porque os Cristãos não tem levado este Evangelho a sério e chegado as últimas consequências.

Porque se adequaram a esta sociedade isenta de valores legitimamente Cristãs impedindo a plena encarnação do Logos em todos os seres humanos. A força do Evangelho foi freada justamente por aqueles que deveriam mante-la e leva-la mais a frente: os Cristãos.

O cristianismo converteu-se numa forma mágica voltada exclusivamente para o além túmulo e apostatou vergonhosamente de seus ideais éticos: a paz, a justiça, a piedade, a tolerância, etc Foi completamente descaracterizado no momento em que se associou a instituições iniquas promotoras da morte.

No momento em que os Cristãos deixaram de ser agentes sociais e trabalhadores para serem apenas e tão somente rezadores e milagreiros a boa semente estiolou-se...

Por isso o papa romano vai a jerusalem rezar por uma paz que jamais sera implementada por meio de rezas... dai essas abominaveis missas pela paz que fazem parte do missal romano...

Porque esses cegos e guias de cegos se covenceram de que a paz é possivel sem obras ou sem mudança de atitudes o que é bastante interesante para aqueles que temem as mudanças necessárias...

O papa romano faria muito melhor se se pronunciasse de modo claro e objetivo sobre a ocupação criminosa da cidade velha por parte dos sionistas e se exigisse desses criminosos o cumprimento do decreto da ONU referente a devolução desta parte da cidade aos palestinos seus legítimos senhores.

Mas Bento XVI não o fará porque sendo rico e poderoso esta mancumunado com os ricos e poderosos deste mundo. Não o fará porque sua política não esta pautada nos legítimos valores esboçados pelo Evangelho de Cristo... razões de Estado travam sua lingua e fecham sua boca...

E ele seque ousará postular a internacionalização da cidade Santa como foi recomendado pelo sábio Paulo VI seu predecessor.

De modo que sendo mantida a posse da cidade santa pelos invasores sionistas contra a justiça liquida e certa bem como contra o decreto da ONU, não poderá haver paz alguma entre as partes, mesmo que o papa romano passe a usar e recomende a seus seguidores o emprego de 'tambores de prece' no lugar do costumeiro rosário...

A paz não baixará a terra nem por meio de Aves Marias, nem por meio de glórias e aleluias, mas no momento em que pela graça brotar nos corações dos verdadeiros crentes e firmar-se por meio de obras de justiça. Quando a cada um for atribuido e assegurado o que lhe pertence então a paz florescerá e dará farta colheita.

A paz é fruto de ações concretas e não de tartufarias...

Sua fonte é a observancia estrita da justiça e da boa legalidade e não uma culto qualquer seja a missa ortodoxa ou as correntes da IURD.

A paz nasce de atitudes corretas e não de ladainhas...

Equivocam-se tristemente tantos quantos creem ser possivel obter rezando comodamente sem suas residências, o comodismo burguês jamais construirá a paz, porque a paz precisa ser construida ativamente, dia após dia.

Nada de mais patético do que essa gentinha vestida de branco com cestinho de rosas e canticos promovendo passeatas pela paz logo após ao assassinato de algum burguês... pois os pobres que são assassinados em número bem maior todos os dias não podem mandar fabricar camisetas ou adquirir rosas tendo em vista essas passeatas inuteis que de forma alguma colaboram para a diminuição da violência.

Paradoxalmente muitas dessas pessoas que fazem passeatas pela paz revindicam ao mesmo tempo a adoção de medidas draconianas - como pena capital, porte de armas, rota, etc - tendo em vista a diminuição das patologias que afetam esta nossa sociedade anti-Cristã.

Afinal quanto mais se fala em Cristo e em seu sangue precioso, quanto mais o homem reza, grita e fala em milagres... tantos menos vive como Cristo viveu e dele dá testemunho por meio das obras, o único testemunho verdadeiro...

Pois falar sobre Cristo é coisa facil, díficil é adora-lo como ele deseja ser adorado...

Entretanto a violência não cederá diante dessas caminhadas burguesas e menos ainda diante das medidas draconianas que teem sido preconizadas por tantos quantos ignoram e se vangloriam de ignorar a dinâmica social e a dinâmica psicologica.

A violência só cederá no momento em que as pessoas que compõe esta nossa sociedade de consumo reavaliarem suas atitudes e mudarem seus modos de ser e de agir. Enquanto as leis de mercado forem postas acima das leis de humanidade a sociedade ocidental continuara a produzir criminosos e viciados.

Não é com canticos, preces, rosas ou folhetinhos que a violência e a guerra serão vencidas mas com a adoção de principios divinos e ações humanitárias que tenham em vista o cumprimento da justiça em todas as áreas, campos e esferas da operação humana.

Pergunto-me enfim sobre que terá ensindo o povo de Cristo a agir assim: deixando de fazer o que lhe foi ordenado para fazer o que não lhe foi ordenado...

A orar quando é necessário atuar e deixar de atuar para ficar de braços cruzados a espera de um milagre.

Enquanto medito sobre isto elevo meus pensamentos e lágrimas em forma de prece a Nosso Senhor Jesus Cristo não para pedir-lhe que mude as situações que estão a meu alcançe, mas para pedir que me de forças e me auxilie a modifica-las. Não peço que Cristo trabalhe em meu lugar mas que me de forças para trabalhar com ele, por ele e nele tendo em vista a construção de um mundo melhor, de um mundo mais justo, mais santo, mais solidário e mais fraterno, de um mundo que corresponda tanto mais seriamente a sua vontade que é o bem.

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