Da impossibilidade do fundamentalismo


Um homem vai. Constrói um ídolo. Quem é maior. Ele, ou o ídolo construído?...

O homem é maior, ainda que não saiba, pois “deu vida” ao ídolo.

O homem profere uma palavra.

Quem é maior?...

O homem ou a palavra que ele proferiu?

O homem é maior, pois sem ele, a palavra não existiria.

Que cria a linguagem é o ser humano.

Pode haver ser humano sem linguagem.

Mas não linguagem sem o ser humano.

Depois, na linguagem, o ser humano vai se recriando.

O que sabemos de Deus, o sabemos através da linguagem, seja falada, seja escrita.

Se a linguagem é menor que o ser humano que a cria, logo, Deus está contido na linguagem que falamos, de modo que a linguagem sobre Deus é menor do que o ser humano que a cria.

Mas e se foi Deus que se revelou utilizando-se da linguagem humana...

Ora, se Ele fez isso, significa que Ele se diminuiu, esvaziou-se, se adaptou... O sopro se vez verbo...

Portanto, se Ele esvazia-se no ato de se comunicar, significa que o que temos dele em nossa linguagem não é a totalidade dele, mas somente algo dele.

Portanto, se o ser humano cria uma imagem, que é menor do que ele, mas ainda assim, ele, ser humano, se ajoelha diante de tal imagem, é acusado de idolatria.

Mas e quando o ser cria uma linguagem, e se ajoelha diante dela, dando-lhe ares de imutabilidade, não é idólatra?

Portanto, o que é que da essência de nossa linguagem é realmente divino, e o que é que, de nossa linguagem é somente uma caixa, um lócus, uma arca, para guardar tal essência, mas que pode um dia se reformar em algo maior e melhor?

Palavras são portadoras da essência divina, sinais, mas não são o divino em si...

Ou são?...



Comentários

  1. Este trecho aki:

    "O que sabemos de Deus, o sabemos através da linguagem, seja falada, seja escrita."

    Caracteriza apenas a revelaçao especial (Escrituras) e nao a revelaçao geral, ou a ideia de q Deus colocou em cada um de nos a capacidade de reconhecer sua existencia de forma inata.

    ...Isso sem entrar no merito da questao empirica e suas implicaçoes...

    ResponderExcluir
  2. Oi, Tiago.
    Que legal você postar por aqui.
    Eu penso que a Revelação Geral é ainda menos específica do que a Especial; ou seja, esta se aproxima ainda mais de Deus do que aquela. E, se nem esta pode ser absolutizada (o que não significa que deve ser relativizada), quanto mais aquela.
    Um grande abraço.

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