Um evangelho antropocêntrico

O nosso problema é que estamos vivendo a era de um evangelho antropocêntrico.

Isto corre o risco de entrar em todas as igrejas; até nas mais sérias.

Deus se torna uma espécie de emissário, de servidor do fiel, lhe dando uma vida boa, uma boa casa, uma boa família, um bom emprego, tudo assim.

Quem não quer um Deus assim?

Que resolva todos os meus problemas?

Se você ouvir as músicas evangélicas contemporâneas, verá que em boa parte delas tem em seu centro a figura do adorador. É tudo para mim, um novo tempo para mim, uma nova vida para mim. Não se foca mais a pessoa de Deus, como nos antigos hinos que diziam "Santo, Santo, Santo", ou que exaltavam a fidelidade de Deus dizendo que "Tu é fiel, Senhor", nem se diz mais "A Deus demos glória".

O problema disso tudo é que este evangelho antropocêntrico, não obstante nos dar uma carga de otimismo inicial, não resolve a vida de ninguém, pois não combate o que de pior nos torna infelizes, que somos nós mesmos, o pecado do egoísmo em nós. Mas por fazer promessas fortes, e impulsionar-nos emocionalmente, nos enreda, fazendo com que fiquemos como cães correndo atrás do próprio rabo, e enxendo os bolsos de pregadores vorazes.

O evangelho, primeiramente, não é para mim, nem para você. É por Ele, é para a glória d'Ele. Seja eu abençoado finaceiramente ou não. Tenha eu uma família estruturada ou não. Um bom emprego, ou não. É tudo d'Ele, por Ele e para Ele. A nós, cabe a renúncia para sermos discípulos d'Ele. A opção por uma vida simples para abençoar o próximo. Uma recusa sistematica dos valores deste mundo, que, particularmente em nossa sociedade se apresentam sob a forma do capitalismo selvagem. O problema social não é resolvido proclamando-se um Deus que mais parece uma fada madrinha que vai resolver os problemas de cada qual indiviualmente, até mesmo porque, não os resolve. A verdadeira felicidade consiste num total despojamento do velho eu para que a luz de Cristo possa brilhar em nossas faces, de modo que possamos colher o fruto do Espírito em nós.

Comentários

  1. Carlos,

    Excelente postagem!
    Fez-me lembrar de algo que postei há um tempo. O texto chama-se "Evangelho do Consumo" (http://gracasomente.blogspot.com/2008/04/evangelho-do-consumo.html).
    Abs,

    Anderson

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  2. Muito obrigado por participar, Andersoa; e farei uma visita lá no seu blog.
    Um grande abraço e fica com Deus!

    ResponderExcluir

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