Igreja e Justiça Social

“Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade” (Atos 2.45).

Os membros da igreja dos apóstolos vendem suas propriedades e formam um capital de apoio para os que têm necessidade.
Assim, a Eclésia realiza justiça social, dando um mínimo de condições dignas de existência a todos os seus membros.
Não é algo obrigatório, pois não é assim que o amor funciona.
Os bens do povo de Deus são para o povo de Deus.
Assim como os filhos do reino são chamados para não juntar bens neste mundo, assim também é a igreja de Deus. Pobre no mundo.
Não fica bem à igreja de Cristo sentar ao lado dos ricos e poderosos, pois assim o Senhor não o fez, nem os santos apóstolos.
A Eclésia, conforme dito realiza justiça distributiva.
Onde está esta igreja, é o que precisamos nos perguntar.
Como fazer parte desta igreja, é o que precisamos nos perguntar.
O Reino é a fraternidade dos irmãos. Entre os irmãos, não há necessitados.
Muitos dizem que este texto está ultrapassado. Somos tão fundamentalistas com alguns textos, tão liberais em outros...
Dizem que a igreja fracassou quando fez isso, pois passou por necessidades; daí Paulo ter pedido ajuda aos crentes de Corinto.
Ora, tal interpretação, de cunho capitalista, esta, a meu ver equivocada pelos seguintes motivos.
Primeiramente, não há nada no texto de Atos que diga isso. O texto é citado com espírito de que uma coisa boa ali estava realmente ocorrendo.
Segundo, seria estranho a caridade ser um motivo de fracasso, quando Paulo utiliza os mesmos argumentos para arrecadar ajuda em corinto (leiam II Co 2.9).
Terceiro, há fatores históricos que demonstram que, me Jerusalém, estava difícil para todos naqueles tempos, sejam para judeus, sejam para cristãos (mais para estes, pois a medida que o tempo passa, aumenta a perseguição).
Portanto, tal interpretação não faz sentido.
O preocupante, a meu ver, é que o tipo médio protestante (média geral do comportamento entre os evangélicos) é um comportamento que geralmente não tende à caridade no nível social.
Explico.
O evangélico, de modo geral, é instado em todas as reuniões de sua igreja, a contribuir com parcela de suas rendas (geralmente dez por cento) para a igreja. Depois, ainda é instado a dar ofertas dos mais variados tipos. Daí, por certo, pelo menos de dez a quinze por cento de seus rendimentos irá para a instituição. De modo geral, o restante de seus rendimentos será para ele sobreviver, e dificilmente fará caridade com o montante que lhe sobrou.
Se a sua comunidade não tiver uma visão social (e muitas, não têm), ocorre que nem o fiel, nem a instituição farão caridade. E ambos estarão desobedecendo às ordens contidas nas Escrituras sobre tal assunto. Por isso, costuma-se dizer, os evangélicos estão entre os que menos fazem ação social; isto está na própria estrutura do modo de ser protestante.
É bem verdade que houve reações, como as de Lausanne, em 1974; é bom saber que muitos se guiam pelos princípios ali consagrados. Mas estes muitos são uma minoria perto do cenário evangélico atual. Acho que Lausanne fracassou; mas talvez, o Reino seja assim mesmo. De minoria. De fracassados, pois, o "fracasso de Cristo" foi contemplado por todos, mas sua ressurreição, somente por alguns.
Comblin certa vez disse, se queríamos uma instituição forte, ou uma igreja mais parecida com Cristo. Cada centavo que utilizamos, cada atitude que tomamos na vida, demonstrará no que realmente cada um de nós está mais interessado.

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