Cristãos perseguidos, islamismo e atividade missionária

Semana passada alguns meios de comunicação (mesmo jornais seculares) relataram a possibilidade de ser aplicada a pena de morte em Yousef Nadarkhani, pastor iraniano que se converteu do islamismo ao cristianismo. A acusação é de apostasia, ou seja, cometeu o crime de deixar o islamismo.

O senador Crivella pediu apoio aos demais senadores em relação o referido pastor, e que entregassem à embaixada do Irã um documento pedindo por sua vida.

Há pelo menos duas observações que podem ser feitas diante de tal episódio.

Primeira.

Todo muçulmano, em terra estrangeira, quer ter o direito de exercitar sua religião, sua fé. Querem construir mesquitas, divulgar sua religião, andar com suas vestes conforme seus preceitos religiosos, etc.

Um exemplo disso é o discurso super liberal dos islâmicos que apóiam a construção daquela mesquita, em Nova York, próximo ao local onde ficavam as torres gêmeas. Dizem que será um espaço comunitário de encontro de pessoas entre todas as religiões, lugar de paz, de tolerância...

Ocorre que no Ocidente, de modo geral, os islâmicos têm liberdade de religião.

Quantos muçulmanos hoje estão sendo, no mundo ocidental, sofrendo ameaças de morte pelo Estado, por conta de sua fé?

Salvo melhor juízo, ABSOLUTAMENTE NENHUM. Isso mesmo; nenhum!

Então está na hora destes mesmos muçulmanos que, no mundo ocidental têm direito de exercitar sua fé, que se manifestem a favor daqueles que, me países de maioria islâmica, querem exercer uma religião diferente.

Só acreditarei na tolerância islâmica quando estes forem maioria em um estado e garantirem a mais preciosa liberdade que alguém possa ter em uma democracia liberal: a liberdade de consciência religiosa. Inclusive, a liberdade para seus cidadãos mudarem de religião, se assim preferirem. Noberto Bobbio dizia, salvo melhor juízo, que esta era a mais importante das liberdades.

Segunda observação.

Os cristãos precisam estender seu apoio missionário a estes países em que o cristianismo é proibido.

Em missões, só temos duas atitudes a exercer.

Ou vamos pessoalmente, ou apoiamos financeiramente os que foram.

Os crentes ocidentais estão, em boa parte, focados em sua própria vida pessoal, em parte talvez, por conta da teologia da prosperidade.

Uma igreja que não é missionária, é uma igreja que morre, pois deixa de fazer aquilo que Jesus determinou que fosse feito: pregar o evangelho.

Há ministérios missionários que trabalham com a igreja perseguida; entre eles, a Missão Portas Abertas.

É algo que sempre penso.

Se somos, no meio evangélico, pelo menos trinta milhões, imagine se cada cristão neste país apoiasse a missão Portas Abertas, ou outra, com pelo menos um real por mês.

Seriam milhões aplicados na obra missionária.

Ou ainda, se cada um destes cristãos desse mais um real por mês a uma instituição de caridade?

Seriam milhões para aliviar a dor de quem nada tem.

Não temos o direito de não apoiar os nossos irmãos que deixaram tudo para pregar o evangelho, nem de deixar de apoiar aqueles que estão morrendo por defender a sua fé, nem de não denunciar a injustiça, onde quer que ela ocorra.


Site da missão portas abertas: http://www.portasabertas.org.br/

Crivella pedindo apoio aos demais senadores pela vida do pastor ameaçado de morte: http://www.senado.gov.br/noticias/marcelo-crivella-pede-apoio-a-pastor-ameacado-por-pena-de-morte-no-ira.aspx

Comentários

  1. Um artigo prenhe de significados.

    Mussolini já dizia: Só haverão de construir uma mesquita em Roma quando pudermos construir uma Catedral em Meca. É a lei da reciprocidade.

    Se os muçulmanos querem liberdade para divulgar e praticar suas crenças devem principiar por autorga-la aos profitentes de todas os demais credos religiosos. Nem mais nem menos.

    Acontece que ninguém se incomoda com a demolição de nossos mosteiros na Sérvia e com a ocupação de nossas igrejas no Chipre e na Turquia.

    Sacerdotes papistas e ortodoxos tem sido sumariamente executados no Iraque, Egito, adjacências e ninguém se importa. Multidões de ortodoxos tem sido massacradas no Iraque e no Egito e, vista grossa.

    Na rabeira dos tanques Norte americanos seguem os missionários pastores oferencendo dinheiro e comida para aqueles que abandonam a Ortodoxia e o papismo, belo liberalismo religioso... Todas essas missões ocidentais no Oriente são filhas da guerra e da miséria, da força e da coerção, não da liberdade.

    Agora um pastor protestante é ameaçado e o mundo ocidental se comove rsrsrs

    Espero todavia que o pobre homem seja poupado.

    Jesus disse que a verdadeira fé sofreria perseguição. Há mais de mil anos que nossas igrejas apostólicas são perseguidas por muçulmanos e ocidentais. No mundo sofrereis perseguição, esta escrito.

    A perseguição é o selo da Verdade. A abundância de poder e dinheiro a marca do erro.

    Também tenho o direito de não acreditar na tolerância protestante até que se tornem maioria no Brasil mantendo o respeito a dissidência.

    Lí no entanto que já estão a exaltar uma tal 'lei de deus' em oposição a Constituição Federal, sancionar leis a favor da bíblia nas bibliotecas, obter recursos públicos para suas marchas. Nada disto é compátivel com a lei da isonômia e religiosa e neutralidade.

    É necessário olhar antes de tudo para o Brasil.

    Saudações respeitosas.

    Ps.: O que mais me assusta são os cristãos perseguidortes, porque há várias formas, algumas bem sutis, de perseguição.

    Paz e bem

    ResponderExcluir
  2. Olá, Domingos.

    O mundo "não cristão", de modo geral, olha para o mundo cristão, como um bloco só.

    Meus contatos na Índia, por exemplo, me certificam que, assim como freiras e missionárias romanas são espancadas, assim também ocorre com grupos evangélicos.

    A Revista Portas Abertas, por exemplo, divulga também a perseguição sofrida pelos ortodoxos, coptas, armênios, além de publicações católicas divulgar também perseguição contra os protestantes.

    Particularmente, salvo melhor juízo, as igrejas oriundas da Reforma já provaram sua intolerância (como todos os demais grupos); mas também já provaram sua tolerância em países em que os protestantes foram, ou são maioria.

    Entretanto, realmente existe um fundamentalismo no Brasil, decorrente de um biblicismo vétero-testamentário radical associado à ausência de um estudo histórico e teológico mais aprofundado, que acaba descambando em intolerância; entretanto, tenho por mim que o pentecostalismo, ou o neopentecostalismo não tem em sua agenda acabar com a tolerância religiosa ou o estado laico, que para mim, é menos pior que um estado fundamentalista.

    Devemos trabalhar por toda a humanidade; entretanto, em específico, acabamos nos concentrando geralmente em nossas próprias tradições, pois é a ela que estamos mais organicamente ligados.

    Grande abraço.
    Paz e bem.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Mais vistas do mês

Toda a Reforma em apenas dois versículos

Uma reflexão acerca do Salmo 128

Quem não dá o dízimo vai para o inferno?

A triste história do rei Asa

Ananias, o discípulo que batizou Paulo

A impressionante biografia de William MacDonald

José do Egito - um exemplo de superação

A Conversão de Zaqueu (Lc 19)

Uma comparação entre Zacarias e a Virgem Maria

Os "logismoi"