Aceitar que somos aceitos

“o bem que quero, este não faço, mas o mal...” (Paulo, apóstolo)


Quando se está há algum tempo naquilo que costumamos chamar de “obra de Deus”, é impossível não sentirmos o peso de uma constante inadequação entre aquilo que deveríamos ser e fazer diante da obra que entendemos ter sido chamados.
Entretanto, é assim que é, e assim que deve ser. A constatação óbvia acerca daqueles que em algum momento se sentem plenamente preparados é a de que preparados de modo algum estão, senão auto-enganados.
Daí, ser sempre preocupante o discurso de que tenta fazer dos ouvintes “super cristãos”, como que, pessoas que melhor aceitos serão quanto mais fizerem e produzirem na linha de produção religiosa.
Tal discurso solapa a graça de Deus, e instiga nos seus ouvintes e praticantes o peso das doenças psicológicas, fazendo adoecer também todo o corpo, a ponto de, embora julgarem-se melhores que outros, não haver, na verdade, em todo seu ser, nenhuma parte sã.
Entretanto, a dor de se sentir inadequado também pode levar a um imobilismo indesejado, ao desejo de se esconder na caverna, na barriga do peixe, ou ficar no escuro do túmulo, em um local em que ninguém, em tese, poderia nos ver, nem mesmo nos encontrar. Ledo engano, pura auto ilusão, pois como nos escondermos daquele a quem tudo está patentemente claro?
Daí, mesmo cristãos antigos, precisam ser lembrados que, mesmo a despeito de todas as mazelas e dificuldades, são pela graça aceitos, o que não implica em imobilismo ou acomodação, mas em liberdade de se saber que se pode ser o que se quer ser, não para algo conquistar, mas porque já foram aprovados pelas virtudes de um Outro.

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