Justificados pela fé tenhamos paz com Deus

Por Carlos Seino

“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus” (Romanos 5.1).

Somos justificados pela fé.

E, pelo fato de sermos justificados pela fé, temos paz com Deus.

A justificação é um ato consumado. Se a justificação fosse um processo, o apostolo teria que ter dito: teremos paz com Deus. Mas, ao contrário, ele diz, temos paz com Deus.

Se a doutrina da justificação fosse somente uma oposição que o apóstolo estava fazendo ao judaísmo, e a fé fosse somente a porta de entrada para um novo tipo de lei, a lei cristã (que na prática é sempre uma lei eclesiástica), jamais teríamos paz com Deus, pois do cumprimento de tais obras a paz dependeria.

Logo, estaríamos diante de um novo legalismo.

É uma pena que tal tema, o da justificação, tenha causado tanta polêmica entre católicos e protestantes.

Debates apologéticos costumam ser muito cansativos, e podem levar séculos. Geralmente, se entra em um debate para vencer; não para aprender com o outro.

Mas cada qual sabe, interiormente, a sua própria situação existencial diante de Deus.

Muito mais importante do que definir conceitos teológicos, é saber vivê-los.

Muito mais importante que a definição de justificação, é obter a paz com Deus.

E a constatação a que o apóstolo nos demonstra é: temos paz com Deus. Paz com Deus!

Mas o lamentável é que, mesmo nas igrejas oriundas do protestantismo, talvez esteja um pouco mais difícil de conseguir e viver esta paz.

Isto porque, muitas igrejas evangélicas estão preocupadas com números, obras e resultados, etc.

Somente o fato de termos sido alcançados pela graça de Deus, em si, já deveria ser um motivo de grande felicidade.

Ninguém precisa provar nada para Deus, senão a graça não seria graça, seria mérito.

O apóstolo não diz: por nossos méritos, tenhamos paz com Deus.

Não, de maneira alguma. Ele diz, pela fé, tenhamos paz com Deus.

O que menos se proclama hoje de nossos púlpitos é: temos paz com Deus.

O novo convertido se achega a nós, feliz, pela nova vida em Cristo que encontrou.

Entretanto, com o passar do tempo, as cobranças a ele começam a ser feitas, afinal, ele precisa testemunhar, precisa evangelizar, precisa ganhar mais pessoas para Jesus, precisa ser santo...

E a paz que havia conseguido em Cristo parece se tornar mais teórica do que prática, pois se sente sempre em débito, sempre aflito em produzir mais...

Sempre está precisando fazer alguma coisa para aplacar a ira, ou mesmo o aborrecimento de um
Deus que está sempre em desagrado com ele; uma espécie de patrão.

Assim, não se vive de modo algum, a paz que vem pela fé em Cristo Jesus, nosso Senhor.

E corremos o risco de criar um modo de vida mais doentio do que as piores fases do cristianismo medieval.

Deveríamos nos esforçar, no sentido de nos certificar que mais e mais pessoas estão sendo fruto desta paz com Deus (inclusive, nós mesmos). Muito mais do que ameaças (estas, devem ser evitadas, quiçá abolidas), é a alegria que vem da paz com Deus o maior incentivo, o maior combustível, a maior fonte para que vivamos a vida verdadeiramente evangélica.É a restauração da vida com Deus que nos conduzirá a todas as coisas. Tanto quanto ajudar a outros que participem deste processo, temos um grande desafio, que é não atrapalhá-lo. A alegria do Senhor é a nossa força!

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