Eu sou Charlie Hebdo. Eu não sou Charlie Hebdo

Estes últimos dias houve uma onda de solidariedade para com o cartunista francês e sua equipe mortos em um atentado terrorista expressa com a famosa frase "Je suis Charlie Hebdo" (Eu sou Charles Hedbo).

E de fato, caso se trate de defender a liberdade de expressão em todos os níveis, sou mui favorável a esta identificação.

Sou favorável a uma liberdade de expressão praticamente irrestrita, com base na célebre frase do filósofo que disse: "Posso não concordar com nada do que você diz, mas defenderei até a morte o teu direito de dize-la".


Que sejam permitidas piadas, críticas, frases em relação a brancos, negros, japoneses, católicos, evangélicos, espíritas, umbandistas, muçulmanos, indianos, capitalistas, socialistas, héteros, homossexuais, travestis, pastores, padres, rabinos, artistas, governadores, presidentes, reis, políticos, etc, etc, etc. Uma sociedade do tipo "dodói", uma ditadura do politicamente correto, inibe o poder crítico, a criatividade, e até mesmo um real conhecimento de como anda a sociedade e o que ela tem pensado.

Uma eventual discordância ou ofensa com algo que se disse ou publicou pode ser acionada via poder judiciário para eventual responsabilização ou indenização contra os agressores, até mesmo por crime de difamação, injúria, racismo, preconceito, ou coisa de tipo.

Que toda a ideia seja combatida no campo das ideias, e jamais com violência.

É assim que um estado democrático, de direito deve ser, a meu ver.

Agora, no campo pessoal, subjetivo, talvez eu não diria "Je suis Charlie Hebdo", pois pessoalmente, não apoiaria boa parte dos tipos de charges que possam ofender os sentimentos religiosos de ninguém, ou sua opção política, sexual, sua etnia ou coisas do tipo. Pessoalmente, eu não faria.

Por isso, é preciso saber distinguir entre uma ética e moral privada, subjetiva, e outra pública, se quisermos manter um estado democrático de direito e a liberdade de expressão.

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