Por que devemos evitar que pastores sejam candidatos a cargos políticos?

Periodicamente ocorrem eleições em nosso país.

E não são poucos os pastores, ministros do evangelho, que se candidatam a algum cargo político.

Seria tal prática recomendada para o povo de Deus?

Pessoalmente, entendo que não e exponho aqui alguns motivos.

Em primeiro lugar, correrá o risco de se desviar de suas principal função, que é anunciar o evangelho, discipular pessoas, aconselhar, disciplinar, apresentar cada qual perfeito em Cristo. Corre o risco de haver impureza de intenções, e começar a tratar os membros como eleitores. A mais alta vocação que alguém pode almejar é a de ser um ministro da Palavra. A vocação política também é muito importante, mas comparada àquela, sai perdendo em grau de importância.

Existe também a tentação de fazer de sua igreja um curral eleitoral. A igreja é como uma família, com pessoas das mais variadas tendências. Quando a liderança da igreja apresenta um determinado candidato, partido, estará desrespeitando parte da congregação, gerando tristes divisões e descontentamentos. Não seria isso, de certa forma, fazer negócio do povo de Deus

Todo estudante evangélico antigo de história sabe também que lhe foi contado um dia que o erro da Igreja Católica foi ter se envolvido demasiadamente com o poder temporal. Parece que sempre esquecemos antigas lições, e acabamos precisando contá-las novamente. Para que correr esse risco? Jesus e seus apóstolos usaram somente da persuação, do poder da Palavra, sem se valerem de nenhum tipo de poder institucional. O Reino de Jesus não é deste mundo. Igreja e Estado não precisam estar uma contra a outra, porém, devem caminhar separadas.

Outro risco, é o terrível mal testemunho que pode cair sobre a igreja. Todos sabemos que o meio político tem severas complicações, e que não é difícil alguém se corromper a medida que cresce em poder. Jesus disse que os escândalos viriam, mas ai daqueles que os provocassem. No meio político, não há graça; há sempre algo em troca de algo, favor em troca de favor.

Enfim, não parece haver vantagens em se permitir que ministros do evangelho sejam candidatos, púlpitos funcionem como palanques, e igrejas, como currais eleitorais.

Claro que cristãos  podem se sentir vocacionados para a participação política, que também é uma função muito importante. Entretanto, deverá desenvolver sua carreira como qualquer outra pessoa, em meio à sociedade civil, sem utilizar o poder eclesial para seus propósitos, como fazem os cristãos nas mais variadas vocações. E se for pastor, o ideal talvez seja suspender por um tempo suas funções ministeriais, pelo menos no que se refere à administração eclesiástica e similares.

Você saberia expor mais alguns motivos para que não se use a igreja para fins políticos partidários? Ou tem alguma opinião diferente a respeito? Se quiser, deixe um comentário para meditarmos a respeito do assunto.

Fonte da foto: O Globo

Comentários

  1. Perfeito! Muito equilibrado seu artigo. Deus seja louvado!

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  2. É um tema bastante delicado, porém o autor foi muito sensato na abordagem. Que cada um de nós estejamos dispostos a cumprir o nosso chamado sem que haja interferências em nosso percurso!

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  3. Pastorado é ministério e vocação. O mundo político é um mundo de barganhas com submissão a partidos e líderes partidários. No entanto, o cristão tem que participar como cidadão na política tendo por referência a ética e o compromisso cristão. Infelizmente os representantes políticos indicados pelas Igrejas por vezes nem convertidos são e negociam para a obtenção de terrenos, rádios, e trazem escândalos para o centro da Igreja local. JESUS NAO FEZ ACORDO COM PILATOS E NEM COM OS CÉSARES E NEM TAMPOUCO COM A LIDERANÇA DA ÉPOCA. SABIA QUE O SEU CHAME TÔ ERA SUPERIOR.

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    Respostas
    1. Excelente comentário, Atila.
      Muito obrigado por ler o texto!
      Concordo totalmente.

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